Cento e quarenta milhões de mulheres já foram vítimas da mutilação genital. Uma dura realidade que acontece da forma mais primitiva que se possa imaginar, um pouco por todo o mundo.
O tema é quente, é delicado e actual. Recentemente, foi assinalado o dia mundial da tolerância zero à mutilação genital feminina. O governo português apresentou um segundo programa de combate a este crime. Mas na prática, nem a classe médica, nem as forças policiais estão verdadeiramente sensibilizadas para esta escandalosa violação de todos os direitos da mulher, que ao que tudo indica, também acontece em Portugal.
Raparigas que têm cinco, seis, sete, oito anos. Tudo em nome de uma estranha tradição que, além de se sobrepor à própria lei, passa irremediavelmente de geração em geração.
Sou apaixonada por causas em que acredito e, pelas quais, considero ser necessário tomar sérias medidas no sentido de formar as populações para que vivam em harmonia de direitos de igualdade e humanitude. É o caso da Mutilação Genital Feminina, prática de origem cultural (dizem!). Revolta-me o facto de serem as mulheres (crianças) as que sempre "pagam" a factura em nome de valores ditos, inquestionáveis....
Waris Dirie (na foto) é um caso de sucesso na luta por esta causa. É uma conhecida modelo da Somália, vítima da MGF aos 5 anos, tendo fugido aos 13 para Londres, aos 18 torna-se modelo e é em 1997 que publica o seu primeiro livro “Desert Flower” onde conta a sua história pessoal. Ainda em 1997 é nomeada Embaixatriz Especial para a Eliminação da MGF, pelas Nações Unidas. Actualmente é responsável pela fundação que tem o seu nome través da qual procura combater e erradicar a prática da MGF, fazendo um trabalho junto dos governos ocidentais através de manifestos e consciencialização das mulheres para a extensão dos seus direitos.
A titulo de curiosidade, na Somália pratica-se a ablação na sua forma mais severa: extirpando o clítoris e os pequenos lábios.
Waries Dirie disse que, depois daquele dia fatidico nada pior a poderá destruir....